A tuberculose é a maior causa de morte por doença infecciosa em adultos. No Dia Mundial da Tuberculose (24 de março) aumentam os esforços para divulgar os perigos da doença. Os números mostram bem o porquê. De acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), dois bilhões de pessoas estão infectadas pela bactéria causadora da patologia. Entre elas, 8 milhões desenvolverão a doença e 2 milhões morrerão a cada ano. As estatísticas no Brasil também não são animadoras, segundo o Ministério da Saúde, o Brasil ocupa o 15º lugar entre os 22 países responsáveis por 80% do total de casos de tuberculose no mundo. No país, são notificados anualmente 85 mil casos novos. Além disso, são registrados cerca de 6 mil mortes por ano em decorrência da doença.
O Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) é uma das medidas do governo para prevenir e combater a tuberculose. Ele garante a distribuição gratuita de medicamentos e outros insumos necessários até ações preventivas e de controle do agravo. A seguir, o pneumologista Frederico Leon Arrabal Fernandes, médico responsável pelo Laboratório de Função Pulmonar do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas FMUSP (InCor), esclarece as medidas preventivas, diagnóstico precoce e tratamentos para o combate à doença.
1- Qual é a causa da tuberculose e de que forma ela é transmitida?
A tuberculose é causada por uma bactéria chamada Mycobacterium tuberculosis. Essa bactéria pode ser transmitida de uma pessoa para outra através da tosse. Ela também pode estar dormente no organismo de um indivíduo, e ficar ativa quando existe a queda da imunidade.
2- Como é feito o diagnóstico da doença?
Pessoas que apresentam sintomas como tosse, emagrecimento, febre baixa e sudorese noturna persistindo por mais de duas semanas devem ser examinadas. Em longo prazo, pode haver a falta de ar e progressiva dificuldade para respirar, tosse com sangue (hemoptise) e até a morte. Uma radiografia de tórax pode orientar o diagnóstico que é confirmado pela coleta de escarro e pesquisa do bacilo.
3- Quais órgãos são afetados pela doença?
3- Quais órgãos são afetados pela doença?
O órgão mais afetado é o pulmão, mas a tuberculose pode afetar diversos outros sistemas e áreas do organismo como os ossos, podendo causar fraturas espontâneas e dor, a pele, levando a lesões que podem virar úlceras, o sistema nervoso central, o que pode causar meningite levando a dores de cabeça e, eventualmente, confusão mental e coma. Além disso, o intestino pode ser atingido, prejudicando a absorção de alimentos e causando obstrução intestinal, os olhos e a retina, causando perda parcial ou total da visão. Habitualmente, a tuberculose extra-pulmonar acomete quem tem algum comprometimento acentuado da imunidade e costuma ser associada à doença pulmonar.
4- Quais são os tratamentos disponíveis para a tuberculose?
Ao contrário do que se pensa, tuberculose tem cura. A tuberculose é tratada com antibióticos específicos controlados. O tratamento utiliza quatro medicações associadas por dois meses e, depois, dois antibióticos por mais quatro meses. Esses remédios são combinados em um comprimido para facilitar a aderência ao tratamento. Quando a doença atinge outros órgãos como ossos e sistema nervoso central, ou quando o paciente tem alguma deficiência na imunidade, no caso da Aids, por exemplo, o tratamento deve ser estendido por nove até 12 meses.
5- O que acontece se este tratamento for interrompido?
5- O que acontece se este tratamento for interrompido?
Quando interrompido, o paciente volta a desenvolver sintomas progressivos, passa novamente a transmitir a doença e ela pode adquirir resistência aos medicamentos antimicrobianos, sendo necessário aumentar a quantidade de medicação e o tempo de tratamento total.
6- A tuberculose, depois de curada, pode voltar a aparecer no mesmo paciente?
Quando adequadamente tratada, o paciente é considerado curado. Mas a chance de ficar novamente doente é igual a de alguém que nunca teve a infecção.
7- Como prevenir a tuberculose?
7- Como prevenir a tuberculose?
Medidas de saúde pública, como rastrear e diagnosticar precocemente os portadores de tuberculose e seus contactantes para iniciar o tratamento o mais rápido possível é a melhor forma de cortar a corrente de contágio da doença. Para ter a ideia da eficácia disso, em menos de duas semanas de tratamento adequado, o paciente já não transmite mais o bacilo.
A melhoria das condições de vida, como saneamento, habitação, manter hábitos de higiene e alimentação adequados também são formas de prevenir a doença. Pessoas que vivem em condições precárias, por exemplo, em aglomerados e má condição alimentar estão mais suscetíveis a contrair e desenvolver a tuberculose. Uma forma de garantir um diagnóstico precoce e tratamento adequado desta doença é procurar um pneumologista ou um posto de saúde caso tenha sintomas respiratórios que persistam por mais de duas semanas.